sexta-feira, 25 de maio de 2012

Um virginiano nato

Todos os dias antes de descer do carro, ele media o cadarço dos tênis, eles deviam estar milimetricamente do mesmo tamanho se não ele não entrava na escola. A franja também era prioridade, as duas pontas deveriam estar da mesma altura, sem nenhum fio de cabelo fora do lugar. Se alguma dessas coisas não estivesse assim, ele não descia do carro até não se aprontar por completo.
 Essas características, dignas de um belo virginiano nato, se refletem até os dias de hoje. Difícil entrar em um quarto de homem e ver tudo no seu lugar, não notar um só grão de poeira e nenhum par de tênis embaixo da cama. Encontrar a cama arrumada, os travesseiros um do lado do outro e não simplesmente jogados em cima das cobertas. 
O relógio desperta todos os dias às 8:30 e às 8:35 Matheus pula da cama, dá uma boa espreguiçada e vai pra o chuveiro, um banho que não passa dos dez minutos. Depois se seca, dentro do box para não molhar o chão, e vai vestir a roupa que já está propositalmente arrumada em cima do puff do quarto. Coloca a roupa e por último o perfume, dá uma bagunçada nos cabelos e estende a toalha no lugar. Arruma a cama, faz um carinho na Miuki, uma yorkshire linda, pega sua mochila e coloca nas costas, mas antes de descer as escadas, da mais uma passada no banheiro para se olhar no espelho, só para garantir que está tudo certo. Passa pela cozinha, pega algo para comer e vai para o trabalho. 
Matheus é um rapaz alto, com a pele levemente bronzeada, olhos castanhos claros e cabelos loiros escuro. Sempre muito preocupado com a aparência, vive perguntando para as pessoas se elas conseguem sentir o cheiro do seu perfume, alegando que ele nunca sente. Jamais usa uma camiseta amassada e que não esteja com cheiro de amaciante. As manias desse jovem virginiano não terminam por ai. Matheus tem um jeito só seu de arrumar suas roupas. O armário é dividido em duas partes, nos cabides ele coloca as camisetas melhores e mais novas da sua coleção (sim,é uma coleção!), todas elas são separadas por cores que vão da mais clara para a mais escura e todos os cabides devem estar virados para o mesmo lado. No restante dos cabides são colocadas as calças e os cascos de inverno. Na segunda parte do roupeiro fica uma pilha de camisetas, todas separadas da mesma maneira e todo o resto das roupas são devidamente muito organizadas. Sem contar as gavetas de cuecas e meias, todas dobradas e colocadas lado a lado. Ele conta que hoje não guarda mais por cor (um dia foi arrumado assim) por que não sobra tempo. Diz que não é neurótico e que vê isso como uma coisa boa, detesta bagunça e coisas fora do lugar.  "É tão simples, é só guardar as coisas no lugar depois de ter usado, é fácil."
Devido ao seu jeito organizado de ser, vive arrumando briga com as pessoas da casa por deixarem suas camas bagunçadas, as almofadas do sofá fora do lugar, ou louça em cima da mesa. 
Entre a paixão pela organização, ele tem outro amor em sua vida: o futebol. Reza a lenda que no dia do seu batismo, seu pai saiu no meio da festa para ir jogar bola. Deve ser de família essa paixão avassaladora por uma coisa redonda que passa de pé por pé. Colorado desde que nasceu, Matheus tem uma pequena coleção de camisetas do Inter. Mas mesmo tendo o último modelo, ele sempre usa a mesma em dias de jogos importantes, “Tá toda velha e furada, mas é a de sorte”. Em seu quarto há uma parede vermelho sangue e bem no meio um enorme símbolo do colorado. E as demonstrações de amor ao clube não param por aí, o torcedor ainda ostenta uma tatuagem do Internacional na panturrilha. Se engana quem pensa que Matheus não é um daqueles torcedores “malas”. Ele assume quando perde, não faz piadas chatas com o rival e se emociona muito, lógico que ele sempre vi tirar sarro de alguém, mas nada exagerado. Ele na verdade ama o Inter, mas ama também o futebol. Assiste a qualquer jogo que esteja passando na televisão, da série C do Campeonato Brasileiro ao Europeu, joga bola todos os sábados e em qualquer dia que lhe convidarem e mesmo que, em algum dia ele não possa jogar, pois vive lesionado, vai até o lugar do jogo só para ver. Ele é conhecido por alguns como o “Almanaque do futebol”, sabe o resultado de quase todas as partidas, sabe tudo sobre qualquer jogador e sabe até mesmo de jogos que aconteceram muito antes de ele nascer. Lê sobre o mundo da bola todos os dias e mais de uma vez por dia. Difícil saber quem tem prioridade na sua vida, futebol,Internacional, família ou amigos. Matheus também é um homem que chora, chorou quando o Inter ganhou o Mundial, chorou quando perdeu para o Mazembe e quando assistiu ao filme Marley e Eu. Ele até chora, mas o motivo tem que ser muito bom e no que diz respeito ao seu clube do coração, mas pelos cachorros ele sempre vai chorar. Hoje esse rapaz levemente sensível não alinha mais milimetricamente os cadarços dos seus tênis, mas limpa todos eles depois que chega da rua e guarda cada um dentro da sua devida caixa.
As únicas pessoas que não gostam desse cara, são os homens que possivelmente jogaram futebol contra ele e acabaram levando alguns carrinhos. Matheus consegue conquistar as pessoas, um pouco com a sua simpatia e outro pouco com o seu senso de humor, e comigo nunca seria diferente. Me conquistou desde o primeiro dia que o vi, bem magrelo e meio desengonçado. Me conquistou quando organizou meu quarto e me ensinou a arrumar a bolsa e o roupeiro de uma maneira ágil e fácil. Todos os dias quando eu acordo sei que fiz a escolha certa (até agora), não apenas pela praticidade de ter um homem organizado, mas por ter o Matheus do meu lado, um homem que enquanto está assistindo jogo de futebol, ou quando está com a página de esportes aberta não te escuta, mas tirando esses dois momentos ele sempre vai te ajudar, te ouvir, te apoiar ou te xingar se tu estiver errado. Estranho seria se eu não tivesse me apaixonado por ele, não sei se foi o olhar doce, as mãos firmes e macias ou o abraço, só sei que quando deito pra dormir, agradeço sempre por ter encontrado esse virginino pela noite de Porto Alegre.

 (Desculpa a bagunça do meu quarto é que eu não sou de virgem)

quarta-feira, 16 de maio de 2012

Aumentando o grupo

O que era seis vai virar sete. Vou confessar que quando eu soube da notícia quase tive um ataque do coração. Fiquei nervosa, chorei e me desesperei. É difícil encarar uma gravidez não planejada, ainda mais quando se tem apenas 22 anos. Calma, eu não estou grávida, mas é como se eu estivesse. Conheci a Patrícia quando eu estava na 5ª série, e por ela conheci as melhores amigas que alguém poderia ter na vida. Fiéis, leais, engraçadas, lindas e amigas mesmo, dessas que falam tudo na tua cara. Falam na tua cara se tu ta gorda, se a roupa ta feia, se teu cabelo ta horrível e se falarem que tu ta linda, vai ser verdade. Sinto que fui muito contemplada, na verdade todas nós fomos, por que eu nunca vi um grupo igual nós, onde tudo acontece às claras, ninguém fala mal de ninguém nas costas (tem gente que vai falar que isso é mentira), que as brigas (?) que acontecem, sempre são esclarecidas com todas juntas e não dura mais do que cinco minutos. A gente sempre ficava tentando adivinhar quem seria a primeira a ter um bebê, mas não imaginávamos que seria tão rápido. Que vai ser complicado todas nós sabemos, mas quando se tem cinco pessoas para ajudar acho que fica muito mais fácil né? Algo me diz que essa criança veio na hora certa, veio para nos unir mais ainda, se é que isso é possível, veio para alegrar nossas vidas, para fazer nossas tardes e noites muito mais divertidas. Essa vai ser a criança mais amada do universo, e eu sei que se depender de todas nós ela vai ter tudo o que precisar, seja material ou emocional. No início fiquei chocada e hoje eu não vejo à hora de ver o rostinho dele ou dela (segundo a Lela é menina). Não vejo a hora de levar na pracinha, embalar no balanço e todas essas coisas de tia. Sei que seremos amigas até o ultimo dia de cada uma. Seremos aquelas tiazonas sentadas na varanda tomando vinho ou cerveja, rodeadas de crianças e cachorros, eu consigo ver isso e a nova geração está chegando para provar que somos muito mais do que simples amigas. Muito obrigada por tudo, vocês são tudo pra mim, cada uma com o seu jeitinho especial. Admiro muito todas vocês e quero continuar sentindo isso por muito mais tempo.
Lela (com tapa olho); Séia; Parhy (mãe de família); Bisbi; Rê e Toida (com meias de futebol)

sexta-feira, 4 de maio de 2012

O real significado

Ontem entrevistei uma artista plástica aqui em Alvorada. Logo que cheguei em frente a sua casa, uma moradia grande e luxuosa, pensei: “Deve ser alguém muito cheio da onde, mas vamos lá”. Logo de cara vi que em enganei. Ângela Paiva pinta desde sempre, e ministra aulas de pintura e bordado há 13 anos. Entrei em seu ateliê e foi como me sentir em casa, ela me ofereceu uma xícara de café e assim fomos conversando, ao som de uma música muito suave. Eu tinha o meu bloquinho de anotações em punho e anotei tudo, mas em alguns momentos sentia mais vontade de observar Ângela do que de anotar qualquer coisa. Ela me mostrou sua casa, que sim é muito bonita por dentro e por fora, igual a artista, que mesmo em meio a alguns luxos é uma pessoa muito simples. Com orgulho ela abriu um armário e tirou de lá uma caixinha com algumas medalhas, e cada uma que ela me mostrava ela contava uma história. Consegui suas obras, algumas que ainda estão inacabadas e até brinquei com seus dois cachorros. Fiquei dentro do mundo de Ângela por apenas 3 horas, mas foi o suficiente para conhecer uma mulher tão corajosa e determinada, além de ouvir inúmeras histórias. Cheguei no jornal e logo comecei a escrever a matéria sobre a vida da artista. Diagramei a página, arrumei as fotos e fui tratar de fazer outras coisas, afinal era dia de fechamento. Hoje à tarde quando atendi o telefone fiquei surpresa, era Ângela e logo pensei, “Putz, fiz merda, devo ter escrito algo muito errado”. A minha entrevistada não sabia como fazer para me agradecer, disse que estava muito emocionada com tudo, e que ninguém nunca quis conhecer a sua vida e a sua história. Chorando, ela me agradeceu umas 10 vezes e eu, quase chorando do outro lado da linha, disse que o agradecimento era todo meu, pois eu tinha acabado de conhecer uma mulher incrível. Então hoje eu acabei descobrindo o real significado dessa profissão. Sei que cometo inúmeros erros de português e que ainda preciso aperfeiçoar muito a minha escrita, mas são atitudes como essas que me fazem nunca desistir. Que me fazem errar mais ainda, pra poder aprender sempre. Sentir que o teu texto emocionou ou ajudou alguém é muito gratificante e por mais que eu ainda deva melhorar muito o meu, jamais vou desistir dessa vida.

quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

Jornal de bairro, uma escola

A primeira impressão de um estudante de jornalismo ao ingressar na universidade é se ver na bancada do Jornal Nacional ou dentro da tumultuada redação de Zero Hora, você estudante, acha que é nesse lugar que irá aprender?
Engana-se quem pensa que jornal pequeno é sem futuro, o futuro de um jornalista de 12 páginas é o jornal de 40 páginas que ele vai assinar suas matérias amanhã.
Não é fácil ser repórter (faz tudo) em um jornal de bairro amigos, você digita matérias pagas (e não pode corrigi-las), você faz a diagramação e quanto mais calhau melhor, você até cuida das assinaturas do jornal, e mais, você mesmo faz o café da redação, que na maioria das vezes é composta por umas 5 pessoas, no máximo.
Cada pessoa senta uma do lado da outra, podem se falar cara a cara, um ajuda na matéria do outro, da pitaco, corta o título, tira o último parágrafo e corta a foto do colega, mas tudo é na parceria, no coleguismo, afinal todos se conhecem, diferente de um jornal onde nem se sabe quem está sentado na cadeira do lado, onde pra conversar só é possível pela intranet.
O jornal de bairro não vai lhe proporcionar muita correria, se for semanal você terá um dia inteiro de muitas coisas para fazer e tudo muito rápido, por que ainda existe o encarte do jornal e acredite você também fará isso. A maioria dos jornalistas que se preze gosta de dias corridos, e este tipo de veículo vai te ensinar a lidar com isso, para mais tarde quando entrar em uma redação diária conseguir viver isso na pela todo o santo dia, afinal jornalista gosta dessas coisas de “ultima hora”. O jornalzinho que você trabalha, como fala a sua vizinha, vai te ensinar isso, pode acreditar.
Mas se você quer fama, quer ser reconhecido, largue hoje o seu currículo no jornal da sua cidade, por que nada é mais gratificante do que fazer uma matéria sobre uma rua cheinha de buracos e no dia seguinte a moradora ligar te agradecendo e te tratando como um rei e quando rola um agradinho é melhor ainda. Em todos os eventos da comunidade todos saberão de onde você é e o que você faz, se estiver com uma máquina fotográfica pendurada no pescoço melhor ainda. A fama é grande em um jornal de bairro, precisa ter colhão pra agüentar.
Todo o jornalista deve passar por esta experiência, pois estes jornais feitos com humildade, que tratam a sua cidade ou o seu bairro com zelo, carinho e amor é que vaão construir um bom jornalista futuramente, é este jornal que vai apurar o olhar para coisas que seriam banais ou que para os grandes jornais não tem importância. No fim, este jornal se torna uma verdadeira escola.

quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

The Beatles é amor

Olha, você realmente me pegou, parece que eu estou sempre pensando em você.
Creio que foi o seu beijo que despertou meu coração. Hoje eu tenho braços que anseiam te abraçar e se algum dia você precisar de um ombro para chorar, eu espero que seja o meu, mas se eu posso levar um par de anos para transformar suas lágrimas em risos, eu farei aquilo que eu sinto estar correto.
Eu sei que o amor não vem em um minuto, mas quando eu te toco me sinto feliz por dentro e eu gosto de estar com você a cada hora do dia e vou guardar o meu amor só para você.
Sempre que você me quiser eu vou estar aqui, espero que você veja que eu amaria te amar pois você tem aquela coisa especial.
Lembre-se que eu sempre estarei apaixonada por você, afinal, eu disse que preciso de você todo o santo dia da minha vida? Eu preciso de alguém para amar e eu lhe disse, tudo o que eu quero é você.
Hoje, apenas ver seu sorriso, faz minha felicidade valer a pena, com isso eu descobri que o amor é mais do que só andar de mão dadas. Com o nosso amor, nós poderíamos salvar o mundo, um amor como o nosso nunca pode morrer, é um amor que dura para sempre. Afinal, o amor é tudo, o amor é você.
Eu peço que você não vá embora, estou com medo de que eu possa sentir a sua falta, quero que você volte para cá e veja exatamente o que você significa para mim.
Eu te amo, e tudo o que eu quero é que você me abrace e se isso é amor, você tem que me dar mais.

*Texto feito através de várias partes traduzidas de músicas dos Beatles.

quinta-feira, 16 de junho de 2011

Par quem gosta de Ozzy Osborne

Quem aqui nunca ouviu a história do homem que comeu um morcego?Pois é, li esse livro (que é da minha grande amiga Larissa L.) e confesso que não sabia muito da carreira e nem da vida de Ozzy Osborne. Comecei a ler o livro, "Eu sou o Ozzy" na época em que ele esteve em Porto Alegre para uma apresentação, que falaram que seria da sua última turnê, pois ele iria pendurar as chuteiras, ou melhor, o microfone, mas isso não é verdade, visto que no final do show ele disso, “Até a próxima.”, ou algo do gênero.. Acho que esse foi um dos shows que eu mais me arrependi de não ter ido, quando surgiu a notícia eu nem sabia direito em quero o Ozzy, eu só ouvia Paranoid, e achava que não iria me arrepender, mas assim que comecei a ler o livro, comecei a sentir um aperto no coração, “meu Deus que vou perder isso.”.O livro conta toda a sua trajetória de vida, e o contrário do que muitas pessoas pensam a respeito dos rockeiros, ele tinha uma família e que era linda por sinal e amava muitos seu pai e sua mãe. Tentou trabalhar em alguns lugares, naquela época as fábricas eram o auge, ele tentou, mas não conseguiu. Como seu sonho era ter uma banda de rock, ele foi atrás desse sonho e se tornou vocalista de uma das maiores bandas de metal, o Black Sabath, que não tem ligação alguma com o satã ou algo assim. Ozzy foi sempre tão natural e inocente que eles escolheram esse nome para dar um impacto maior no público, por que os outros nomes sugeridos não eram assim, tão impactantes.Não vou contar toda a história dele aqui, na verdade eu recomendo esse livro que traz uma auto-biografia maravilhosa, cheia de detalhes e muito encantadora, mas eu recomendo para quem realmente gosta de rock, ou do Ozzy ou de música, tanto faz, mas recomendo para alguém que vai tirar o mesmo proveito que eu tirei deste livro.Ozzy quase morreu de overdose, hoje é casado com a deslumbrante Sharon Osborne, a pessoa que colocou a sua vida nos trilhos, sofreu bons perrengues ao lado do Black Sabath e também na sua carreira solo, mas sobreviveu a todos.Existem muitos comentários maldosos sobre esse magnífico ator, óbvio que os comentários provem de pessoas mal intencionadas e sem nenhuma informação concreta sobre a vida profissional e pessoal de Ozzy, a começar pela história do morcego, ele não mordeu por que quis, foi algo sem querer, outra vez a sua inocência contra atacando. Muitos cantores e muitas bandas contribuíram para o rock mundial, Ozzy é uma dessas pessoas com certeza, ele trouxe uma música por vezes pesada, uma melodia agradável e com letras incríveis e por mais que ele não soubesse tocar instrumento algum, sua voz é uma das vozes do metal que jamais será esquecida. Áh, uma coisa que me faz gostar dele mais e mais, uma das bandas que o influenciou na carreira musical foi The Beatles, a minha banda favorita. E ainda tem gente que diz que ele não contribuiu com nada? Ó céus.

Dedico essa postagem para Larissa Luvison, quem me mostrou o que eu estava perdendo quando não conhecia o ilustre Ozzy Osborne. Obrigada!



quarta-feira, 15 de junho de 2011

Voltando... com crítica.

Como sempre eu estou ausente, sei que não existem muitos leitores deste blog, mas me sinto abandonando o barco mesmo assim. Não vou dizer que agora vim para ficar por que será mentira, eu vou sumir de novo como faço sempre e depois vou reaparecer. Bom, para essa volta preparei uma crítica sobre o filme “Bruna Surfistinha”, sei que o assunto já ta manjado, mas mesmo assim preciso escrever sobre isso.

Quando surgiu a idéia do filme e foi divulgado o trailler eu fiquei com uma expectativa muito grande do que estava por vir, li várias matérias sobre o assunto e estava sempre ligada nas notícias sobre a data da estréia. No fim o filme estrelou e eu (como sempre) deixei passar e não fui olhar no cinema, com isso fui ouvindo vários comentários de amigos e colegas e também na internet sobre o filme, fui me decepcionando, mas mesmo assim queria muito ver. Pois bem, um belo dia resolvi assistir o filme, já tinha ouvindo falar que a classificação indicativa era de 14 anos, fiquei chocada, mas como eu não tinha visto, não podia comentar nada. Durante todo o enredo a atriz principal Débora Seco, que interpreta a famosa Raquel Pacheco, vulga Bruna, aparece praticamente nua nas senas de sexo, que só não são explícitas porque o filme não é pornô, pois deveria ser. Sei que o filme todo trata da vida de uma garota de programa, não achei errado as cenas de sexo, a nudez e o palavreado, achei errada a indicação do filme. Se pararmos para pensar, Bruna era uma menina de classe média alta que foi adotada, por não ter um bom relacionamento com os seus pais resolveu sair de casa e se prostituir. Esse foi o real motivo. Pois bem, ela começou por baixo e foi subindo, sendo “promovida”, no fim ficou rica, depois perdeu tudo, depois se casou com um dos seus clientes e se deu bem na vida. Ela contava tudo o que acontecia em seus programas em um blog, e assim se tornou famosa, não tanto quando viria a ser ainda. Naquele espaço ela contava tudo, das histórias mais sórdidas as mais leves e assim ela atraia mais clientes para dentro da sua casa onde trabalhava e assim ganhava mais dinheiro. É lógico que ela se drogou muito, como a maioria das profissionais do sexo, mas isso é só um detalhe. Depois que parou de ‘trabalhar’ a imprensa encontrou o blog e resolveu publicar junto com ela um livro, O Doce veneno do Escorpião, que conta todas as suas peripécias, foi um grande sucesso e com isso ela acabou ganhando muito dinheiro e se tornou uma pessoa pública. A televisão se interessou tanto pela história que resolveu fazer um filme, e com isso à menina passou a ganhar mais dinheiro. A história da garota de programa, rejeitada pelos pais adotivos, terminou muito bem. E esse é o principal problema da classificação do filme, meninas de 14 anos não tem nenhuma idéia formada do que é certo ou errado, muitas devem ter olhado o filme e pensando, “se com ela deu certo, comigo também pode dar”, é contada no filme uma história de vida fácil, onde se trabalha vendendo o corpo, não se cumpre horário, não se bate cartão e é possível ganhar muito dinheiro. Ao fim do filme todo mundo sabe como a história de Bruna termina, e é isso que muitas meninas de 14 anos podem pensar, ela ficou rica, casou e hoje é muito feliz, tem um livro com o seu nome e um filme que conta toda a sua trajetória de vida. Por que só com ela que pode dar certo? Esse é o X da questão.

Capa do filme e capa do livro.