terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Profissão: Pobre, porém feliz.

Se você tem entre 17 e 18 anos e está na frente do computador se inscrevendo para o vestibular, ou se está pensando no que vai ser quando crescer, a escolha certa (para seus pais) é direito, engenharia ou medicina, mas se você quer dar muita risada nas suas aulas de graduação, quer ver filmes, documentários, se viciar em café preto e ser um possível alcoólatra, façam comunicação social.

Os pais sempre querem o melhor para seus filhos e o melhor para os seus filhos é ter um carrão, uma mansão, um bando de filhos, ir a festas chiques, beber champagne e comer caviar. Ok, não é tanto assim, mas o melhor que os seus pais querem para você é uma vida boa, uma vida em que não seja preciso esmolar na esquina para sustentar seus 10 filhos, mas se seus pais forem legais, legais mesmo eles nunca vão lhe pedir para cursas nenhum desses três cursos e vão aceitar quando você, uma pessoa que nasceu em uma boa família, que não passa fome e que é feliz queira fazer um curso em que poderá passar fome, mas que irá continuar muito feliz.

Qualquer pessoa hoje que faça jornalismo sabe que a vida não vai ser nada fácil, sabe o fardo que terá que carregar para levar o leite e o pão para casa, sabe muito bem que não irá dar “Boa noite!” no Jornal Nacional, sabe que não irá dar “Boa taaaaaaaaarde.” No RBS Esportes, sabe que não ocupará a penúltima página da ZH no lugar do centenário Santana e sabe que não terá os cabelos, a postura e a beleza da Patrícia Poeta, sabe de tudo isso e muito mais, sabe que terá que morrer trabalhando para conseguir comprar aquela máquina fotográfica linda e depois morrer mais um pouco trabalhando para fazer aquele curso de fotografia para depois tentar arrumar um emprego de fre lancer batendo fotos de alguém cantando em um bar para meia dúzia de pessoas. Vai trabalhar em uma redação de um jornal semanal, onde pagam uma miséria e as pautas são sobre os bueiros abertos da vila da Dona Mariquinha, e pode apostar você vai ter que ir até a vila sozinho e se der sorte não será assaltado. Não esquecendo de que você um dia será estagiário, que além de ganhar pouco vai ser escravizado pelos seus colegas jornalistas recém formados.

Para se dar bem nessa área é necessário ser influente, ou seja, um arroz de festa conhecedor de pessoas com dinheiro ou que conhece outras pessoas com dinheiro, do contrário será sempre assim, a vida toda.

Não quero desestimular quem está pensando em ir para esta área, quero que se inscrevam nas exatas para não ter mais uma pessoa concorrendo comigo neste campo do mercado que é do tamanho de uma quitinete (brincadeira), na verdade esse curso, não só esse mais os três cursos da comunicação social são para pessoas apaixonadas, pessoas que não tem medo de serem felizes mesmo sabendo que no final do mês a conta bancária vai estar quase zerada, e que você terá uma pauta às 3h da manhã que será uma verdadeira porcaria, se você quer ser feliz faça jornalismo.

Ninguém vive de amor, e não é tão complicado assim quando eu delatei, é apenas difícil, mas como dizem: “Tudo que se consegue com esforço a recompensa é muito maior.” Então caros jovens de primeira viagem, sejam jornalistas e contem para o mundo o que somente os seus olhos conseguem ver.

Um comentário:

  1. Casadas com o jornalismo, na pobreza e na pobreza, até que a morte nos separe! hehehe

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